Realidade imersiva e o futuro do pornô
A indústria pornográfica sempre foi early adopter das vanguardas tecnológicas. E-commerce, video streaming, webcams e câmeras digitais são alguns exemplos de tecnologias que, tão logo foram desenvolvidas, já passaram a ser explorados pelo pornô.
As possibilidades de interagir com a pornografia tem se tornado cada vez mais imersivas. O site Livejasmin é o maior site pornô do mundo — sim, maior que o Pornhub — e conecta strippers com os usuários, que pagam por minuto para conversar com elas em tempo real. A interação aqui faz parte fundamental do negócio: as pessoas querem ser protagonistas, e não voyeurs de suas fantasias. E estão dispostas a pagar por isso, mesmo com tanto pornô disponível gratuitamente.
Novas tecnologias estão viabilizando este estreitamento entre fantasia e interatividade. Headsets de realidade virtual como o Oculus Rift são parte dessa nova metamorfose da indústria e têm o potencial de não só mudar, mas romper com o modo como se consome pornô e se encara sexo. Como se sabe, eles ainda são caros e estão em fase de prototipação. Mas, quando empresas como Facebook, Sony, Google, Intel e Microsoft investem dezenas de milhões de dólares em seu desenvolvimento por ano, é sinal de que ela está próxima de chegar ao mercado consumidor.
A experiência vista de dentro
Experiências com realidade virtual vêm sendo exageradamente exploradas há décadas. "Tron (1982)" e "Matrix (1999)", por exemplo, são filmes que ditaram o tom de como esperamos que ela seja: límpida, imperceptível e completamente imersiva.
O headset de realidade virtual concede total privacidade. Assim que colocado, ele transporta o usuário diretamente para o cenário, em que é possível ver cada detalhe dentro do espectro de visão do personagem, em qualidade de som e imagem de alta definição. A pessoa se vê em outro corpo, com outra voz e se sente visto pelas outras pessoas na história. A experiência é imersiva, mas não é completa, já que apenas o sentido da visão está presente. Em suma, a experiência é muito mais "Quero Ser John Malkovich" do que "Avatar".
Sentidos virtuais
O desenvolvimento de novas tecnologias transpassam a visão imersiva e também estimulam outros sentidos. Sextoys biométricos, por exemplo, conseguem medir reações físicas como batimentos cardíacos e temperatura do corpo e responder a esses sinais com estímulos personalizados. A próxima fase é integrar esses devices na experiência que os óculos de realidade virtual já proporciona, fazendo o usuário se sentir mais presente virtualmente.
O hackeamento da mente está levando à construção de aparelhos que podem literalmente mudar como nos sentimos, estimulando diretamente o cérebro. Thync, por exemplo, é um wearable que pergunta como você quer se sentir (calmo, como se tivesse meditando, ou alerta, como se tivesse tomado um energético) e ativa as partes certas do sistema nervoso com pequenas quantidades de energia elétrica para, de maneira direta, mudar seu estado mental. Neuroexperiências ainda estão encubadas em laboratórios nas universidades, mas é possível ensaiar o que elas podem fazer com a indústria pornográfica uma vez que elas são capazes de ler e estimular áreas que dão prazer.
O entendimento sobre sentimentos, emoções e pensamentos sempre foi uma caixa preta. À medida que eles vão sendo entendidos cientificamente, novas tecnologias tendem a torná-los matemáticos, analíticos e rastreáveis.
Ficção interventora
O desenvolvimento de uma tecnologia, desde o momento em que nasce como conceito, é irrefreável. Com muitas das maiores empresas do mundo competindo em peso para ver quem vai conseguir chegar ao mercado consumidor mais rapidamente, podemos esperar que óculos de realidade virtual serão mainstream em breve.
“Tecnologias não são boas nem más, muito menos neutras.”
— Melvin Kranzberg
Nestes estágios iniciais, as empresas e indivíduos que se aventuram ainda têm que produzir seus próprios equipamentos, programar novos softwares de processamento e adaptar toda cadeia de distribuição. O conteúdo disponível hoje para download está em fase beta e são ou filmes pornôs em primeira pessoa ou “jogos pornô” com gráficos bem menos avançados se comparados à indústria de games. É ainda uma novidade sendo explorada.
A tecnologia é o modo como extendemos nossas habilidades humanas, um galho de árvore é a extensão de nosso braço, a fala transpassa nossas ideias para outras pessoas, um livro as perpetua.
Assim, as mesmas tecnologias que aperfeiçoam a experiência com pornô também têm potencial de melhorar relações interpessoais, fazendo difícil imaginar uma “singularidade sexual”, um ponto no tempo em que as pessoas vão preferir sexo virtual a sexo real. A tecnologia não nos limita, não nos tira funções, mas as extende e as amplia.
As possibilidades de interagir com a pornografia tem se tornado cada vez mais imersivas. A interação passa a ser parte fundamental do negócio: as pessoas querem ser protagonistas, e não voyeurs de suas fantasias.
Novas tecnologias estão viabilizando este estreitamento entre fantasia e interatividade. Headsets de realidade virtual como o Oculus Rift são parte dessa nova metamorfose da indústria e têm o potencial de não só mudar, mas romper com o modo como se consome pornô e se encara sexo.
O headset de realidade virtual concede total privacidade. A pessoa se vê em outro corpo, com outra voz e se sente visto pelas outras pessoas na história. A experiência é imersiva, mas não é completa, já que apenas o sentido da visão está presente.
O desenvolvimento de uma tecnologia, desde o momento em que nasce como conceito, é irrefreável. Com muitas das maiores empresas do mundo competindo em peso para ver quem vai conseguir chegar ao mercado consumidor mais rapidamente, podemos esperar que óculos de realidade virtual serão mainstream em breve.
As mesmas tecnologias que aperfeiçoam a experiência com pornô também têm potencial de melhorar relações interpessoais, fazendo difícil imaginar que as pessoas venham a preferir sexo virtual a sexo real. A tecnologia não nos limita, não nos tira funções, mas as extende e as amplia.
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