Os abusos sofridos por atores pornô e o público cada vez mais consciente impulsionam o movimento pós-pornô, que mistura arte e política. Vídeos e performances sexualmente explícitos têm como fim não a masturbação, mas a crítica às amarras da sexualidade e à própria indústria pornográfica.
Contra à onda de conservadorismo que tem assustado os que acreditavam em avanços do mundo em termos de direitos humanos, chega ao holofote a Geração Tombamento, uma nova leva de cantoras e cantores cujos trabalhos se unem pela força representativa das principais questões da sociedade civil — raça, gênero e sexualidade. Este grupo de artistas celebra junto aos seus públicos o movimento de “tombar” os padrões do senso comum.
Em um cenário onde o consumo de cosméticos ainda é muito pautado pelo marketing, algumas mulheres resolvem assumir uma beleza mais natural e trocar a prateleira de cosméticos por produtos feitos em casa. É um comportamento lowsumer que implica em uma troca de moeda: paga-se pela qualidade e não pela marca. Possibilidades envolvem produtos não testados em animais, receitas veganas ou fórmulas totalmente naturais.
Campanhas sexistas têm sido alvo constante de denúncias e maculado a imagem de marcas tradicionais. Cada vez mais, igualdade de gênero é uma questão que impacta nas escolhas de consumo: é hora das marcas ajudarem a libertar as mulheres sem criar novos estereótipos de mulheres-modelo. Mais do que abordar o empoderamento como estratégia publicitária, é preciso abraçar o assunto de um jeito verdadeiro, palpável e honesto.
Na tecno-cultura contemporânea, envelhecem as tecnologias que incorporam valores dualistas e utilizam-se de estereótipos depreciativos. Em seu lugar, brilham experimentações que virtualizam a identidade humana e expandem a multiplicidade das representações. O desenvolvimento biotecnológico enxerga o gênero como uma restrição limitadora para o potencial humano.
Consumidores complexos e paradoxais estão fazendo as empresas repensarem suas formas de segmentar o mercado. Assim como acontece com o gênero e a faixa etária, a classificação não se limita apenas à classe social ou ao poder econômico. “Desclassificar” é olhar para dentro das pessoas buscando entender suas reais motivações. Só assim será possível agrupá-las: por afinidade.
Vivemos uma sexo-normatividade incapaz de questionar frases prontas, ao estilo “sexo é saúde”. Assexualidade é a condição de quem não sente atração sexual em geral. Porém, a falta de interesse por relações sexuais não impede que os assexuais formem laços afetivos ou românticos com outras pessoas.
Em uma sociedade pré-digital, a diferença estética entre os sexos podia até fazer sentido. Porém, hoje vivemos padrões muito mais complexos de comportamento, que têm reflexos em diversos campos, incluindo a tecnologia. Está por vir uma realidade mais compatível com nós mesmos, que não pode ser categorizada, reflexo da cyber era da desmaterialização.
A cultura de massa que expõe nuances de gênero é o contato mais próximo que muitas pessoas têm com seus universos ideais. O pop, com todas as suas indefinições, exime-se da obrigação de possuir um papel social ativo, mas, intencionalmente ou não, acaba por provocar transformações. Quando uma situação é retratada em uma peça de teatro ou em um filme, visitamos lugares psicológicos sem a necessidade de aquilo ser real. Com o gênero acontece o mesmo.
Em um mundo com menos dinheiro, mas mais tempo e mais acesso ao conhecimento, os valores não permanecem, nem poderiam permanecer, os mesmos. No lugar de bolsas com imensas estampas de marcas e, indiretamente, imensos indicativos de seus preços imensos, passamos a procurar empresas que estampem coisas com as quais realmente nos importamos. O consumo como statement aponta para consumidores que sabem o peso político de tudo que compram.
O que acontece quando as fronteiras demográficas não são mais suficientes para classificar um perfil de consumidor? Como prever comportamentos de uma geração cada vez mais fluída? Para a eficácia de uma metodologia de pesquisa, é preciso enxergar além da hierarquia do “normal”. A norma morreu e, com isso, deixa de fazer sentido a classificação por gênero, idade ou classe social.
Consumir menos, para muitas das meninas hoje, é uma forma de se expressar no mundo. De fazer uma parte do trabalho necessário, de construir uma vida com mais propósito e significado. Diferente da experiência de seus pais, possuir não mais traduz sucesso e segurança. A Internet está sendo veículo importante desse processo, através de informações e trocas de experiências e conhecimento entre as meninas.
Como fenômeno que está sendo produzido e reproduzido o tempo todo, o gênero sempre será relativo, cultural e performático. No gênero binário somos um de dois. No gênero plural, somos um de muitos. Mas, se a pluralidade exponencial e o espiral do ser nos trazem a transformação infinita, transcender é se deixar flutuar do SER para o ESTAR SENDO.
Com a ascenção de pessoas trans na mídia, tem acontecido uma corrente contrária às formas como essa população geralmente era mostrada para a grande massa. Em uma sociedade em que 90% das mulheres trans e travestis estão na prostituição como um lugar condicionado, é muito significativo que as pessoas trans sejam donas de suas próprias narrativas, que representem a si mesmas em séries, novelas e filmes.
Quando identidade de gênero entra na pauta popular e mercados que movimentam trilhões passam a atentar a essas questões, é natural que a discussão influencie claramente a maneira como as empresas irão posicionar seus produtos e se comunicar daqui pra frente. Ditar a maneira como cada gênero deve se relacionar com o consumo será uma atitude cada vez mais repudiada pelo público, que passa a entender essa divisão como signo de atraso.
Fala-se muito sobre um tal “novo feminismo”, mas não é a primeira vez que este movimento passa por um boom midiático. Desta vez, sua grande aliada é a internet. Propício para a democracia e pluralidade de vozes, o ambiente digital faz com que a mensagem contra o sexismo ecoe da vanguarda até o mainstream, cada vez mais longe e com mais intensidade.
As noções de feminilidade e masculinidade estão sendo questionadas e desconstruídas em todas as áreas, incluindo a moda. O terreno é fértil para a construção de uma cultura de moda que abarque a diversidade. Até então, a maioria dos experimentos envolvendo gênero aconteciam no vestuário feminino, mas hoje o gender blur invade as passarelas e mostra que a moda masculina passa por um rico momento criativo.
Seriedade e competência não são coisa de adulto. Energia e espontaneidade não são coisa de moleque. Acostume-se: estereótipos de idade não representam o mundo contemporâneo. Na mídia, na moda e na música, adolescentes aparecem não mais como símbolos de inexperiência, mas como ícones personalidade.
Acontece há um tempo na moda um movimento de inversão de códigos do vestuário masculino e feminino, quebrando normas pré-estabelecidas e antigas noções de gênero. Trata-se de uma libertação de estereótipos, uma espécie de jogo ilusório interpretado por alguns como moda unissex. Novos formatos de negócio começam a prestar atenção a um público até então carente de roupas e produtos que acompanhassem seus modos de pensar a questão do gênero.