Vivemos uma sexo-normatividade incapaz de questionar frases prontas, ao estilo “sexo é saúde”. Assexualidade é a condição de quem não sente atração sexual em geral. Porém, a falta de interesse por relações sexuais não impede que os assexuais formem laços afetivos ou românticos com outras pessoas.
A cultura de massa que expõe nuances de gênero é o contato mais próximo que muitas pessoas têm com seus universos ideais. O pop, com todas as suas indefinições, exime-se da obrigação de possuir um papel social ativo, mas, intencionalmente ou não, acaba por provocar transformações. Quando uma situação é retratada em uma peça de teatro ou em um filme, visitamos lugares psicológicos sem a necessidade de aquilo ser real. Com o gênero acontece o mesmo.
Com a ascenção de pessoas trans na mídia, tem acontecido uma corrente contrária às formas como essa população geralmente era mostrada para a grande massa. Em uma sociedade em que 90% das mulheres trans e travestis estão na prostituição como um lugar condicionado, é muito significativo que as pessoas trans sejam donas de suas próprias narrativas, que representem a si mesmas em séries, novelas e filmes.
Quando identidade de gênero entra na pauta popular e mercados que movimentam trilhões passam a atentar a essas questões, é natural que a discussão influencie claramente a maneira como as empresas irão posicionar seus produtos e se comunicar daqui pra frente. Ditar a maneira como cada gênero deve se relacionar com o consumo será uma atitude cada vez mais repudiada pelo público, que passa a entender essa divisão como signo de atraso.
Foi com o movimento punk, que partia de uma ética que fugia do espectro do consumismo cada vez mais visível na vida em sociedade, que o DIY se difundiu, desde então com crescente relevância. Em essência, tanto o punk quanto o DIY enfatizam uma relação de maior intimidade com nosso consumo pessoal. Cada vez mais conscientes do impacto humano em nosso ethos, existe uma grande parcela de indivíduos que já aderiu, de uma forma ou outra, ao espírito punk presente no método “faça você mesmo”.
Acontece há um tempo na moda um movimento de inversão de códigos do vestuário masculino e feminino, quebrando normas pré-estabelecidas e antigas noções de gênero. Trata-se de uma libertação de estereótipos, uma espécie de jogo ilusório interpretado por alguns como moda unissex. Novos formatos de negócio começam a prestar atenção a um público até então carente de roupas e produtos que acompanhassem seus modos de pensar a questão do gênero.
Antes restrita a caixas de comentários, a trollagem expandiu seu alcance e se transformou em uma inteligente forma de comunicação. Sua essência é suspender algumas verdades e levantar a dúvida entre o que é sério e o que é zoação. É a ideia de que a graça pode estar somente na sua cabeça: mas, afinal, a piada estava em quem mesmo?
Passa a existir um blur entre o que é real e o que é imaginário quando narrativas fictícias podem propor realidades tão convincentes que são capazes de diluir as barreiras entre o verdadeiro e a fantasia. A ficção sublinha o que há de mais importante e, muitas vezes, ressalta as reações humanas em situações e contextos considerados extremos.