Hoje em dia se fala muito sobre identidade de gênero, mas também existem identidades ligadas à classe social e econômica, raça, consumo, nacionalidade, sexualidade e muitas outras. Não existe uma identidade única e sim um quebra-cabeça que acaba por criar o que chamamos de “EU”: diversas identidades que nos segmentam e enquadram. Para emancipar o ser humano é necessário reavaliar tudo aquilo que, muitas vezes, não damos como determinante à construção da identidade.
Em um cenário onde o consumo de cosméticos ainda é muito pautado pelo marketing, algumas mulheres resolvem assumir uma beleza mais natural e trocar a prateleira de cosméticos por produtos feitos em casa. É um comportamento lowsumer que implica em uma troca de moeda: paga-se pela qualidade e não pela marca. Possibilidades envolvem produtos não testados em animais, receitas veganas ou fórmulas totalmente naturais.
Consumidores complexos e paradoxais estão fazendo as empresas repensarem suas formas de segmentar o mercado. Assim como acontece com o gênero e a faixa etária, a classificação não se limita apenas à classe social ou ao poder econômico. “Desclassificar” é olhar para dentro das pessoas buscando entender suas reais motivações. Só assim será possível agrupá-las: por afinidade.
A cultura de massa que expõe nuances de gênero é o contato mais próximo que muitas pessoas têm com seus universos ideais. O pop, com todas as suas indefinições, exime-se da obrigação de possuir um papel social ativo, mas, intencionalmente ou não, acaba por provocar transformações. Quando uma situação é retratada em uma peça de teatro ou em um filme, visitamos lugares psicológicos sem a necessidade de aquilo ser real. Com o gênero acontece o mesmo.
Consumir menos, para muitas das meninas hoje, é uma forma de se expressar no mundo. De fazer uma parte do trabalho necessário, de construir uma vida com mais propósito e significado. Diferente da experiência de seus pais, possuir não mais traduz sucesso e segurança. A Internet está sendo veículo importante desse processo, através de informações e trocas de experiências e conhecimento entre as meninas.
Quando identidade de gênero entra na pauta popular e mercados que movimentam trilhões passam a atentar a essas questões, é natural que a discussão influencie claramente a maneira como as empresas irão posicionar seus produtos e se comunicar daqui pra frente. Ditar a maneira como cada gênero deve se relacionar com o consumo será uma atitude cada vez mais repudiada pelo público, que passa a entender essa divisão como signo de atraso.
Seriedade e competência não são coisa de adulto. Energia e espontaneidade não são coisa de moleque. Acostume-se: estereótipos de idade não representam o mundo contemporâneo. Na mídia, na moda e na música, adolescentes aparecem não mais como símbolos de inexperiência, mas como ícones personalidade.