Short Life – resumo da tendência

Dados gerados constantemente monitoram a vida contemporânea: passos percorridos, situação financeira, qualidade do sono, memórias vividas. Tudo é registrado e a tecnologia tornou-se uma extensão do corpo e da mente. O ser humano se tornou um ser quantitativo, assumindo total controle sobre todos os números que cercam seus dias.

O cenário do “personal tracking”, antes restrito a médicos ou atletas, hoje faz parte da cultura mainstream. Basta olhar ao redor. A obsessão por smartphones faz o futuro previsto no filme “Her” parecer assustadoramente próximo.

Start-ups oferecem o mapeamento total do seu DNA enquanto a eutanásia a morte assistida se tornam assuntos nunca antes tão debatidos. Nesse cenário, o biohacking tornou-se o sintoma dos tempos digitais.

Short Life é a contra-tendência à ressaca digital que faz as pessoas flertarem continuamente com a onisciência, a onipresença e, claro, a onipotência. Em tempos quando qualquer lembrança pode ser clicada e acessada novamente, Short Life é uma consciência que desperta para a redescoberta da finitude, da presença e da impermanência.

Nossa relação com a memória é colocada em xeque quando o não-registro torna-se uma possibilidade. A intensidade das experiências da vida passa a ser analisada por outros ângulos. Fotografar sua comida faz tão pouco sentido quanto filmar um show.

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Short Life é:

Finitude como forma de libertação
Efemeridade como fuga da eterna memória digital
As fronteiras da linguagem minimalista
Inacessibilidade como expressão de luxo

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Mudando de assunto...

Passarelas da não-linearidade

Moda

A glorificação das fashion weeks como lançadoras absolutas de tendências cai por terra quando todos parecem beber da mesma fonte de inspiração. A rua evidencia como está desgastada a ideia de que uma tendência vem sempre de cima para baixo — da elite para o popular. Hoje, as inspirações transitam fluidas e podem estar em qualquer lugar.

Inacessibilidade como expressão de luxo

Internet

Foco e contemplação são características pouco presentes nessa geração, que cresceu em um contexto multitasking e tem como comportamento vigente a ausência de linearidade: um reflexo da Internet. Porém, uma crescente minoria se convence de que criatividade e atenção são irmãs siamesas. Hoje, observa-se um contra-movimento comportamental que prega o monotasking como a solução para uma vida com mais memórias, saúde e dedicação.

Auto-trolling como forma de blindagem

Comunicação

Seja em filtros de Instagram ou em status editados nas redes sociais, vivemos em um mundo onde a imagem pessoal é lapidada com tamanho esmero que pouco sobra de sua essência verdadeira. Quando todos estão habituados a apresentar a melhor versão de si, reconhecer a imperfeição passa a ser valorizado como prova de autenticidade e auto-confiança. A auto-trollagem é uma forma libertadora de desmistificar o jogo de imagens imaculadas que circulam nas timelines da vida.