Por que comprar está voltando a ser um ato social

Lowsumerism

Comprar nunca foi tão fácil, mas as inovações que tanto facilitam nossa vida também acabam por nos deixar mais isolados. Nossos atos de compra e hábitos de consumo são testemunhas de que estamos mais solitários. A volta de hábitos de compra ligados a valores locais e tradicionais tornam-se uma forma de fortalecer o contato tête-à-tête que foi perdido com o advento dos meios digitais. Reestabelecer relações perdidas graças aos frágeis e impessoais laços digitais parece ser um comportamento emergente nos grandes centros urbanos.

Transcendendo a idade: juventude empoderadora

Sociedade

Seriedade e competência não são coisa de adulto. Energia e espontaneidade não são coisa de moleque. Acostume-se: estereótipos de idade não representam o mundo contemporâneo. Na mídia, na moda e na música, adolescentes aparecem não mais como símbolos de inexperiência, mas como ícones personalidade.

Efemeridade como fuga da eterna memória digital

Internet

No contexto de super-exposição da Internet, é crescente o contra-movimento que vê a impermanência como medida para proteger a privacidade. A informação com curto prazo de validade se torna uma poderosa ferramenta de comunicação, e seu valor é exatamente a evanescência. Quando tudo pode ser trackeado, camuflar-se passa a ser um desejo coletivo que torna valioso qualquer exercício de efemeridade.

A guerra contemporânea contra o estresse

Saúde

Em um mundo acostumado a operar em um ritmo inalcançável, produtos e serviços passam a ter o desafio de reduzir os excessos que cercam seus consumidores, reconhecendo o estresse como o inimigo invisível da vida moderna. O alívio vem em forma de breaks digitais e experiências que dão importância às pausas e ao alívio dos espaços revitalizantes.

As fronteiras da linguagem minimalista

Comunicação

Vivemos numa lógica comunicacional que carrega a compressão do máximo de significado em um mínimo de representação simbólica. A comunicação minimalista dos emojis propõe um novo paradigma linguístico. Em um mundo de excessos, comunicar muita coisa não é comunicar em quantidade. A fragmentação da linguagem hoje é tão profunda que uma única imagem pode ser muito mais precisa do que um parágrafo inteiro.

Silêncio em tempos de excesso

Comunicação

A quietude tem sido vista como medida essencial para resgatar o equilíbrio e a criatividade pessoal, dando novo status ao silêncio. A valorização da meditação na cultura de massa é uma das evidências dessa corrente, que naturalmente passa a influenciar as relações de consumo. O conceito de No Noise Branding prova que, muita vezes, silenciar comunica mais do que falar.

Finitude como forma de libertação

Internet

A lógica da infinitude presente na Internet mudou a maneira como a informação é consumida. Há uma quantidade radical de conteúdo ao redor, independente de sua relevância e utilidade. Ver tantas opções escancaradas na sua frente é desesperador. Assim, um esquecimento generalizado coletivo clama por precisão e qualidade da informação. Chegar ao fim de algo pode ser mais libertador do que a infinitude.

Passarelas da não-linearidade

Moda

A glorificação das fashion weeks como lançadoras absolutas de tendências cai por terra quando todos parecem beber da mesma fonte de inspiração. A rua evidencia como está desgastada a ideia de que uma tendência vem sempre de cima para baixo — da elite para o popular. Hoje, as inspirações transitam fluidas e podem estar em qualquer lugar.

Inacessibilidade como expressão de luxo

Internet

Foco e contemplação são características pouco presentes nessa geração, que cresceu em um contexto multitasking e tem como comportamento vigente a ausência de linearidade: um reflexo da Internet. Porém, uma crescente minoria se convence de que criatividade e atenção são irmãs siamesas. Hoje, observa-se um contra-movimento comportamental que prega o monotasking como a solução para uma vida com mais memórias, saúde e dedicação.

A ascensão dos poking games

Internet

A desinibição aliada à tecnologia mobile causou a ascenção dos apps sexuais. O ritmo rápido da paquera fez da busca por um parceiro algo parecido com uma ida ao supermercado. Essas brincadeiras compõem uma nova linguagem de conquista, abrindo brechas nas quais a trollagem se infiltra, tornando imperceptíveis as nuances que diferenciam o que é piada e o que é sedução.

Auto-trolling como forma de blindagem

Comunicação

Seja em filtros de Instagram ou em status editados nas redes sociais, vivemos em um mundo onde a imagem pessoal é lapidada com tamanho esmero que pouco sobra de sua essência verdadeira. Quando todos estão habituados a apresentar a melhor versão de si, reconhecer a imperfeição passa a ser valorizado como prova de autenticidade e auto-confiança. A auto-trollagem é uma forma libertadora de desmistificar o jogo de imagens imaculadas que circulam nas timelines da vida.

Sobreposição de realidades

Tecnologia

O princípio comportamental e estético que caracteriza os tempos digitais se chama Databending. Trata-se da sobreposição de camadas de dados que altera significativamente a forma como a realidade é vista e manipulada. Esse movimento provoca a refletir sobre como a mistura de linguagens e universos gera um mundo mais interessante, exatamente porque ele se encontra na fissura entre o real e o imaginário.

A arte sutil do troll publicitário

Internet

Há alguns anos, marketeiros vem tentando institucionalizar o meme de modo que ele possa ser gerado em agências de publicidade. Viralizar não é tão fácil, mas também não é impossível. Práticas recentes apontam caminhos em que o troll é usado como comunicação, funcionando como um viral cirurgicamente executado. O troll efetivo é aquele que não menospreza a inteligência do público.

A ficção como a verdadeira realidade

Cinema

Passa a existir um blur entre o que é real e o que é imaginário quando narrativas fictícias podem propor realidades tão convincentes que são capazes de diluir as barreiras entre o verdadeiro e a fantasia. A ficção sublinha o que há de mais importante e, muitas vezes, ressalta as reações humanas em situações e contextos considerados extremos.

O vazio em cada curtida

Internet

Quando compartilhamos uma foto, um link ou um pensamento nas redes sociais, apresentamos fragmentos daquilo que desejamos que nos defina: existe a necessidade de aceitação. Hoje lidamos com quatro grandes esferas emocionais: a exaltação do ego, a necessidade de auto-afirmação, a sensação de pertencimento e a sensação de obrigação. Com isso, vários sentimentos são desenvolvidos de maneira única e desproporcional: frustração, orgulho, inveja, raiva, arrogância, ansiedade, alegria, curiosidade, etc.